Morre Delfim Netto, “o pai do milagre econômico”, ex-ministro da ditadura militar e ex-conselheiro de Lula e Dilma

Morre Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, aos 96 anos

O economista Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda durante a ditadura militar e conselheiro econômico nos governos Lula e Dilma Rousseff, faleceu nesta segunda-feira (12) aos 96 anos, em São Paulo. Delfim estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein devido a problemas de saúde.

Delfim Netto foi uma figura central na economia brasileira, ocupando cargos de destaque ao longo de diversas gestões militares. Entre 1967 e 1974, foi ministro da Fazenda nos governos dos generais Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici, período marcado pelo chamado “milagre econômico” brasileiro. Posteriormente, atuou como embaixador do Brasil na França durante o governo do general Ernesto Geisel e serviu como ministro da Agricultura e da Secretaria do Planejamento na gestão do general João Baptista Figueiredo, permanecendo até o fim da ditadura, em 1985.

Em 1986, Delfim foi eleito deputado federal, sendo reeleito por quatro mandatos consecutivos. Ele participou ativamente da Assembleia Nacional Constituinte que resultou na Constituição de 1988. Embora tenha sido um importante ministro durante a ditadura militar, Delfim aproximou-se da esquerda ao longo dos anos 2000, tornando-se conselheiro econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seus mandatos. Também atuou como conselheiro de Dilma Rousseff, mas, com o tempo, passou a criticar publicamente a gestão econômica dela.

Em 2014, Delfim condenou a tentativa do governo Dilma de controlar os preços da energia elétrica para moderar a inflação, argumentando que a medida prejudicaria a confiança dos empresários e traria impactos negativos à economia. Ele também foi um dos críticos do governo durante o processo de impeachment de Dilma, defendendo que o afastamento estava dentro da legalidade.

Delfim Netto também esteve envolvido na operação Lava Jato, sendo acusado em 2018 de ter recebido propina de R$ 15 milhões do Consórcio Norte Energia, composto por grandes construtoras brasileiras. A acusação alegava que o dinheiro foi pago por meio de contratos fictícios de consultoria. Delfim sempre negou as acusações, afirmando que os valores recebidos eram legítimos honorários por consultoria prestada.

Com uma carreira marcada por grande influência na economia brasileira, Delfim Netto deixa um legado complexo, tanto por suas contribuições ao crescimento econômico durante a ditadura militar quanto por sua atuação nos governos democráticos que se seguiram.

Fonte: CNN Brasil
Foto: Agência Brasil.

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