CAIRO (Reuters) – O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou ao Cairo nesta quinta-feira para conversações com autoridades árabes para pressionar por um cessar-fogo em Gaza, depois que o primeiro-ministro de Israel disse aos republicanos dos EUA que não haveria trégua.
Na própria Gaza, a ofensiva militar de Israel centrou-se no hospital Al Shifa, a única instalação médica parcialmente funcional no norte da Faixa, pelo quarto dia, e os residentes locais disseram ter visto edifícios em chamas dentro do complexo.
Blinken iniciou sua última viagem ao Oriente Médio na quarta-feira, na Arábia Saudita, encontrando-se com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman bin Abdulaziz Al-Saud para negociações sobre Gaza, onde a escassez de alimentos afeta 2,3 milhões de palestinos e em algumas áreas excede os níveis de fome, segundo as Nações Unidas.“Estamos pressionando por um cessar-fogo imediato vinculado à libertação de reféns. Isso traria alívio imediato a tantas pessoas que sofrem em Gaza – as crianças, as mulheres, os homens”, disse Blinken à emissora árabe Al Hadath.
“Acho que as disparidades estão diminuindo e acho que um acordo é muito possível”, disse Blinken ao Al Hadath. “A equipe israelense está presente e tem autoridade para chegar a um acordo.”Perto de Al Shifa, moradores disseram à Reuters por meio de um aplicativo de bate-papo que o exército explodiu casas próximas enquanto prédios do complexo hospitalar pegavam fogo.Rabah, pai de cinco filhos, disse que a área era uma zona de guerra, com pessoas presas dentro de suas casas em meio a confrontos nas ruas.
ISRAEL DIZ QUE MILITANTES SE ESCONDEM NO HOSPITAL
Israel disse que suas tropas mataram mais de 50 homens armados do Hamas no dia anterior, elevando para 140 o número de combatentes mortos nos arredores do hospital. Afirmou ter localizado infra-estruturas e armas terroristas dentro e ao redor das instalações, mostrando imagens de espingardas automáticas AK-47, granadas lançadas por foguetes, morteiros e outras peças de artilharia.
O porta-voz militar, contra-almirante Daniel Hagari, disse que “muitos terroristas do Hamas – agentes e veteranos” estavam escondidos no hospital junto com militantes da Jihad Islâmica. “Quando entramos no hospital, encontramos terroristas lutando contra nós aqui nesta área”, disse ele. O Hamas negou que o hospital abrigasse militantes e disse que os mortos eram pacientes feridos e pessoas deslocadas.
Imagens de vídeo divulgadas pelo Hamas mostraram seus militantes fora do complexo de Al Shifa, portando armas e atirando contra tanques israelenses em ruas reduzidas a escombros. A posição dos edifícios e o contorno correspondem às imagens de satélite verificadas pela Reuters. Blinken deveria se reunir com os ministros das Relações Exteriores do Egito, Arábia Saudita, Catar e Jordânia na quinta-feira, bem como com o ministro da cooperação internacional dos Emirados e com o secretário-geral do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), disse o Ministério das Relações Exteriores egípcio.
Na sua reunião com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita na quarta-feira, Blinken reafirmou o compromisso dos EUA com o estabelecimento de um Estado palestiniano independente com garantias de segurança para Israel.As autoridades pressionam pelo fim de seis meses de combates que mataram quase 32 mil palestinos, com 65 mortos nas 24 horas anteriores, segundo as autoridades de saúde de Gaza.A guerra foi desencadeada por militantes do Hamas, que controla Gaza, que invadiram o sul de Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 253 reféns, segundo registros israelenses.O ministério não deu detalhes das negociações, mas fontes egípcias disseram que as nações árabes enfatizariam a urgência de encontrar uma solução política para o conflito israelo-palestiniano.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, dirigiu-se aos senadores republicanos dos EUA na quarta-feira, dizendo-lhes que Israel continuaria seus esforços para derrotar o Hamas. Os seus comentários sublinharam as tensões crescentes com a administração do presidente dos EUA, Joe Biden, que suplicou Israel a fazer mais para aliviar a crise humanitária e proteger os civis.
Fonte/Imagens: Reuters.
Reportagem de Humeyra Pamuk e Nidal al-Mughrabi no Cairo; escrito por Sharon Singleton; Edição de Kevin Liffey
https://www.reuters.com/world/middle-east/fighting-shifa-hospital-rages-with-blinken-cairo-gaza-talks-2024-03-21/
