Rio Grande do Sul voltou a ser afetado pela chamada “chuva preta” nesta quinta-feira (12), fenômeno registrado em cidades como Alegrete, na fronteira com o Uruguai, e São Luiz Gonzaga, na Região Noroeste. A “chuva preta” ocorre quando a precipitação encontra partículas de fuligem, originadas por queimadas florestais no Brasil e em países vizinhos, como a Bolívia.
Henrique Repinaldo, meteorologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), explica: “Não vemos gotas negras caindo do céu. O que acontece é que essas gotas trazem partículas de fuligem que, ao se acumularem em superfícies como baldes ou piscinas, deixam uma mancha escura visível.”
Em Pelotas, onde o fenômeno ocorreu no início da semana, moradores relataram um forte odor de fuligem, semelhante ao cheiro de um incêndio apagado. Em Santa Rosa, no Noroeste do estado, um experimento simples mostrou a presença de partículas. Ao filtrar a água da chuva com um filtro de café, as impurezas ficaram visíveis, evidenciando a contaminação da água.
Especialistas de universidades e órgãos do governo estão realizando coletas da água da chuva para análises técnicas. Repinaldo reforça que a “chuva preta” não é própria para consumo, pois carrega poluentes resultantes da queima de biomassa. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estão conduzindo coletas para avaliar os efeitos dessa contaminação.
Nos próximos dias, com a chegada de uma frente fria, espera-se que o fluxo de fumaça diminua, devolvendo ao estado o céu azul.