Na manhã desta sexta-feira (5), três mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Aracaju em uma operação contra trabalho análogo à escravidão. A Polícia Federal, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) identificaram e ouviram nove vítimas.
As investigações revelaram que os suspeitos exploravam pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, submetendo-as a longas jornadas de trabalho sob a promessa de ganhar mais de um salário mínimo por semana. Com remuneração variável, dependente da produção, as vítimas trabalhavam mais de 10 horas por dia nas ruas, muitas vezes mesmo doentes.
A empresa não era formalizada e não havia contratos entre os empregadores e as vítimas, que não tinham direitos trabalhistas como 13º salário, férias ou FGTS. Segundo a PF, o salário pago era inferior ao mínimo legal.
Um dos mandados foi cumprido em uma casa que servia como alojamento dos trabalhadores no bairro Santo Antônio. No local, foram encontradas cinco pessoas: um alagoano, dois sergipanos e dois baianos. O espaço funcionava com este objetivo há dois anos e apresentava várias irregularidades.
A investigação começou após uma denúncia de um grupo de ex-trabalhadores na Justiça do Trabalho. O inquérito policial foi iniciado a partir da ação do MPT, que inicialmente identificou oito vítimas, com a possibilidade de esse número aumentar com o aprofundamento da apuração.
Os crimes investigados incluem redução de pessoas a condições de trabalho análogas à escravidão e associação criminosa, cujas penas máximas somadas podem chegar a 11 anos de reclusão. O MPT e o MTE também buscam garantir que os exploradores paguem as verbas trabalhistas devidas às vítimas.